2
No início do ano letivo, após um mês e meio de aula presencial, os casos diagnosticados de pessoas infectadas com Sars-Cov-2 aumentaram no Brasil, e as escolas tiveram que fechar suas portas e se transferir para o ambiente online. Desde 18 de março de 2020, o Colégio Santa Cruz está praticando o ensino remoto do G5 ao 3º ano do Ensino Médio e, mais recentemente, também nos cursos noturnos.
Desde o mês de outubro, o Colégio reabriu para os alunos, com atividades complementares e de apoio. Cada série foi para a escola em um dia específico e praticou atividades com diferentes professores. O tempo que as crianças passaram na escola foi aproveitado com atividades adequadas à idade e ao curso curricular.
Para ter o máximo de segurança entre as pessoas envolvidas, a escola está trabalhando em oito frentes de proteção, sendo elas: máscaras; distanciamento; higiene pessoal; limpeza e sanitização; equipamentos de segurança; alimentos e bebidas; monitoramento; e ações comunicativas e educativas. Por isso, durante os encontros, os alunos devem levar, em uma mochila pequena, garrafa de água, duas máscaras (uma reserva), um saco plástico para a máscara usada, estojo pequeno e pasta ou prancheta para apoiar e escrever.
Após sete meses de aulas curriculares realizadas virtualmente, a volta parcial levantou algumas hipóteses entre os alunos sobre quando as aulas iriam voltar de vez ao presencial. O Falaí! conversou com a coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental 2, Fernanda Luciani, para entender melhor como será o processo de transição do ensino virtual ao presencial. Fernanda comenta que o retorno ainda não vai ocorrer e o ensino a distância permanece. O mês de outubro inaugurou as atividades extracurriculares como forma de acolhimento aos alunos
e com a intenção de reaproximação e reconexão com a escola. As atividades foram ligadas à expressão corporal e aos exercícios físicos. Em novembro, foram ligadas às atividades curriculares em andamento no sistema virtual
na parte da manhã, mantendo-se no mesmo horário, isto é, no período da tarde.
De acordo com a coordenadora, há um comitê no Colégio, composto por direção, médicos e assessoria externa, responsável por pensar as mudanças a serem feitas para adaptar o campus e os protocolos, devido à pandemia. Por exemplo, todas as entradas da escola agora têm pias para que os alunos possam lavar as mãos; as lixeiras foram modificadas, ganhando pedais para as pessoas poderem abrir sem tocá-las; álcool em gel foi distribuído por todo o campus; no pátio azul, houve diminuição do número de mesas e sinalização dos assentos onde se pode ou não sentar, de acordo com as normas do distanciamento social; no refeitório, placas de acrílico foram colocadas para dividir as mesas, pois esse é o único lugar onde as pessoas podem ficar sem máscara, enquanto comem. Já as salas de aula estão com menos carteiras, disponibilizando assentos para um número menor de alunos.
As regras já existentes foram reforçadas e intensificadas devido às circunstâncias, sendo válidas para todos os alunos, professores e funcionários. Fernanda também reforça que os espaços fechados e sem ventilação, como a nova biblioteca, não serão disponibilizados para o uso. Apenas as suas varandas e arena, que são espaços abertos no térreo, poderão servir como espaço de atividade.
Dentro das salas de aula, o uso da máscara será obrigatório para todos. O número de alunos será reduzido para 21; os materiais não poderão ser compartilhados, nem poderão ocorrer trabalhos em grupos. As portas e janelas devem ficar abertas durante todo o tempo.
Por fim, os intervalos também serão modificados em relação ao que ocorria antigamente, com os alunos próximos, jogando bola ou no paredão. O Colégio ainda está planejando com os educadores de pátio como executar as diferentes formas e ideias que estão sendo pensadas para isso.
3
Desde a descoberta do novo coronavírus, pesquisadores e cientistas em diversos cantos do mundo correm de forma acelerada para alcançar a produção de uma vacina comprovadamente eficaz.
Ela é, sem dúvida, um dos maiores desejos da população mundial hoje em dia e talvez a principal solução para o controle da pandemia. Mas como as vacinas são criadas e qual o processo para chegar até nós? Neste podcast, o Falaí! entrevistou o professor de Ciências do 8º ano, João Carlos Micheletti, mais conhecido como JC, para entender melhor tudo o que envolve esses procedimentos.
O ano de 2020 tem sido difícil para boa parte dos estudantes, com o ensino remoto e a ausência do dia a dia da escola e dos amigos. Quando o 8º ano recebeu a notícia de que o Estudo do Meio (EDM) para Minas Gerais havia sido cancelado, todos os alunos ficaram devastados. Afinal, é um dos mais antigos e queridos da escola, com 37 anos.
Por isso, os professores e os orientadores da série não deixaram que o evento passasse despercebido e decidiram manter o EDM de maneira virtual. Sendo assim, em setembro, uma experiência de imersão aconteceu.
A programação durou um total de três semanas, sendo a primeira de pré-campo, durante a qual os alunos foram apresentados ao assunto e aos projetos a realizar. O início aconteceu com a chamada "Manhã Mineira", apresentação com a participação de vários professores, inclusive de outras séries, que tocaram músicas de compositores mineiros, em especial de Milton Nascimento.
A segunda semana foi de imersão completa, ou de "campo", envolvendo aulas, palestras, conversas e debates com convidados especiais da cidade e professores. Além disso, teve oficinas de culinária, capoeira e desenho, um papo sobre música mineira (barroca e atual), aulas sobre sincretismo e a religiosidade mineira e os problemas da mineração ontem e hoje e ainda discussão sobre o livro Cumbe, de Marcelo D'Salete.
Por fim, a última semana foi de pós-campo, quando os alunos terminaram os projetos desenvolvidos. Foram elaborados alguns trabalhos sintetizando os estudos feitos nas duas semanas anteriores, como um texto abordando os conteúdos relativos à pesquisa sobre o Instituto Inhotim e uma história em quadrinhos tratando de alguns dos temas estudados. Houve também a confecção de um oratório, com destaque para o trabalho de douramento dessa peça, realizado com materiais de um kit oferecido pela escola a cada aluna e aluno.
Para acompanhar a "viagem", os alunos e as alunas tinham um caderno virtual no Google Sala de Aula, usado como ferramenta de registro e planejamento de todas as atividades envolvidas, onde tudo era anotado. Além disso, todos os dias da segunda semana, antes das atividades, os professores e os orientadores se reuniam virtualmente com todos os alunos para receber as opiniões do grupo sobre o dia anterior, para que a experiências fossem adaptadas e melhoradas cada vez mais.
O Falaí! conversou com alguns professores e alunos para descobrir mais a fundo sobre o planejamento e a execução do projeto. De acordo com o professor Raul Figueiredo, de Expressão Corporal do 8º ano, a elaboração envolveu direção, coordenação, orientação e professores do Colégio, a equipe da Quíron, agência de viagens, e os parceiros das diversas cidades que normalmente se visita em Minas Gerais.
O projeto foi muito importante e apreciado tanto por alunos como por professores do 8º ano. Para a aluna Ana Barbosa Barros, "não poder estar lá presencialmente foi meio decepcionante no início. Mas, apesar disso, pessoalmente eu achei que todos os objetivos foram atingidos e que pudemos estabelecer uma relação próxima com o local. Apesar de a experiência não ser a mesma, os conhecimentos e os aprendizados foram tão ricos quanto. Certamente superou minhas expectativas".
A aluna Julia Jardim Ferreira comentou que a atividade despertou vontade de conhecer os espaços presencialmente. "Acho que o que mais nos aproximou dos lugares que visitaríamos foi a participação das pessoas que nos receberiam". Ela completa elogiando a determinação da escola. "Achei muito legal a atitude da escola de tentar bolar uma maneira de, mesmo com a pandemia e com a quarentena, não perdermos a experiência. No fim, talvez as várias conferências em um dia só podem ter ficado um pouco cansativas, mas não consigo pensar em outro jeito que isso pudesse ter sido feito".
O esforço dos professores para organizar a imersão correspondeu à apreciação da viagem pelos alunos, tendo valido a pena. Paulo Afonso, professor de Artes, comenta que o Estudo do Meio é parte importante dos projetos de todas as séries, desde o 3o ano do Ensino Fundamental 1. "Não queríamos que, em função da pandemia, ele fosse suprimido, por mais difícil e aparentemente contraditória que fosse a ideia fazê-lo de maneira virtual". Ele afirma que as comunidades visitadas, com as quais a escola mantém uma relação de troca de saberes e de respeito mútuo, tinham muito interesse em manter a presença junto a alunas e alunos. "Estamos vivendo um momento em que respeitar a diversidade e estar aberto a conhecer o outro são temas fundamentais. Queríamos que nossas alunas e alunos tivessem a oportunidade de entrar em contato com essas pessoas e que pudessem ouvir as histórias e experiências que têm para trocar conosco", completa Paulo. Por isso, a equipe teve que escolher locais, educadores, temas e moradores a contemplar, mesmo à distância. Para isso, montaram uma comissão e começaram a pesquisar sites, vídeos, textos e reportagens e a consultar a agenda de todos os convidados.
Foi um trabalho denso, que exigiu dos alunos produção e dedicação constantes. "A maior parte dos alunos comprou a ideia e encarou o estudo com entusiasmo e seriedade, mas é claro que, em muitos momentos, tanto eles como os professores e as demais equipes tiveram que reorganizar as atividades para torná-las mais proveitosas. Foi uma experiência completamente nova para todos os envolvidos no processo", conta Paulo.
Por fim, os professores afirmam ter tido uma experiência desafiadora, porém satisfatória, pois puderam desenvolver novas atividades e acompanhar a atuação de outros professores, o que normalmente não é possível no presencial por causa dos horários. "O resultado foi gratificante. Sabemos que a experiência vivida no próprio local é diversa daquela que tivemos, portanto, espero que no ano que vem possamos realizar esse trabalho presencialmente. Saudade e vontade não faltam", afirma Paulo. "Foi prazeroso, cansativo, instigante, saboroso e provocador. Um misto de sensações. Fizemos o que pudemos, e espero que a viagem tenha sido proveitosa, para quem subiu, entrou, abriu a janela e curtiu a paisagem pelo nosso 'trem azul'", finaliza Raul.
4
O Jornal Falaí! lamenta profundamente o falecimento de Roberto Grandmaison, o Padre Roberto, no dia 11 de outubro, por complicações de saúde. O Colégio Santa Cruz sempre irá lembrar a pessoa que foi o Padre Roberto e agradecer por tudo o que ele fez pela escola e toda a comunidade escolar.
Roberto sempre foi uma figura muito importante para o Santa desde que chegou ao Brasil, em 1968. Ele ordenou-se padre em 1971 e, a partir daí, optou por morar na comunidade do Jaguaré, onde permaneceu sempre ativo e ajudando as pessoas da comunidade, participando da construção de escolas e igrejas e se envolvendo em diversos outros projetos sociais. Ele criou também o projeto Jaguaré Caminhos, o qual vem ajudando a comunidade até hoje. Durante a sua vida, Padre Roberto sempre lutou pelos Direitos Humanos, pelos mais pobres e pela redução das desigualdades sociais. Nos últimos dez anos havia se aproximado mais do Colégio e se tornado membro do conselho administrativo da escola e, junto com o Padre José, assumiu um posto de orientador espiritual. Era responsável pela celebração das diversas missas comemorativas ao longo do ano.
Professores do Fundamental 2 e do Ensino Médio escreveram cartas ao Padre quando foram contemplados com a sua presença na missa de aniversário do Colégio, mesmo que com a saúde debilitada. O Colégio fez ainda um vídeo em sua homenagem, e o diretor geral, Fábio Aidar, leu uma carta durante sua missa de sétimo dia.
O Padre Roberto foi uma pessoa muito querida tanto na comunidade do Jaguaré quanto no Colégio Santa Cruz. Todos sentirão a sua falta.
No mês de setembro, o Colégio Santa Cruz manteve a tradição e celebrou a 63ª edição da Festa dos Esportes. Porém, este ano foi diferente dos demais, pois teve algo para "atrapalhar" o evento pedagógico mais antigo da escola: a quarentena. Mas, mesmo assim, os professores de Educação Física do Ensino Fundamental 2 (EF2), em parceria com a direção e a equipe do Núcleo de Educação Digital (NED), conseguiram dar um jeito para que esse tradicional festival não passasse despercebido, realizando o evento de forma remota. Mas por que fazer esse festival mesmo com todos esses problemas?
Para Vitor Campos da Paz Silva, professor assistente de Educação Física do EF2, a Festa dos Esportes Virtual teve o objetivo de tentar promover momentos de alegria em meio um contexto muito delicado. Além de ser uma tradição da escola desde 1957, ela cumpre um papel muito importante na legitimação e na valorização dos conhecimentos advindos das práticas corporais.
E para fazer a tradição do Colégio dar certo mesmo no ambiente virtual, as alunas e os alunos deveriam cumprir desafios corporais em momentos síncronos, em uma videoconferência, e em momentos assíncronos, postando os desafios em um Padlet, um mural colaborativo online, para marcar pontos para suas equipes. A participação e um bom cumprimento das propostas iriam ajudar a somar pontos para a equipe, com o valor de 10, 20, 30 ou 40 pontos, usados para ranquear as quatro equipes do festival: vermelha, amarela, azul e branca, a campeã de 2020.
As atividades variaram de acordo com a faixa etária. Como este ano foi muito diferente dos outros, as propostas também foram pensadas para se adequar à quarentena e, para isso, a equipe de professores de Educação Física contou com apoio dos treinadores e treinadoras do Colégio, sugestões feitas pelos alunos em aulas anteriores e até mesmo vídeos pertinentes tirados da internet.
Para Vitor, o grande desafio foi garantir que os alunos se empenhassem em fazer as atividades, mesmo com dificuldades como não ter espaço em casa ou não ter materiais e aparelhos adequados para realizá-las.
Um dos momentos mais esperados da Festa dos Esportes é quando os alunos vão saber qual o seu time. Neste ano, a divisão das equipes foi feita por sorteio pelo professor de cada uma das séries.
Vitor comenta que o resultado do evento foi muito positivo, pois grande parte dos alunos estava com vontade de participar. Já nos Padlets houve poucas postagens em comparação com os alunos do Fundamental 2, mas o que havia lá estava muito legal. "Espero que tenhamos conseguido proporcionar momentos de alegria e descontração, mas devo dizer que como fonte de aprendizados a Festa dos Esportes foi excelente."
5
6
Nos Estados Unidos o voto é facultativo e não há punições caso o indivíduo opte por não votar.
No Brasil é obrigatório votar. Caso a pessoa não compareça às urnas, deve pagar uma multa de R$ 3,51. De acordo com o site Politize, historicamente, mais de 80% do brasileiros comparecem às urnas.
Os norte-americanos registram seus votos por meio de cédulas de papel, selecionando o candidato em quem desejam votar.
No Brasil usam-se as urnas eletrônicas há mais de vinte anos.
Nos EUA, não existe a possibilidade de um segundo turno de votações, uma vez que a eleição só é definida quando um dos candidatos recebe 270 votos.
Diferentemente dos EUA, no Brasil ocorre o segundo turno de votações caso nenhum dos candidatos atinja a marca de 50% dos votos válidos no primeiro turno. Nesse caso, os dois candidatos com mais votos disputam a presidência.
Nos Estado Unidos, o voto é considerado “indireto”, o presidente não é eleito com a soma dos votos dos eleitores, mas sim dos delegados.
Isso é uma grande diferença em relação ao Brasil, onde a população vota diretamente nos candidatos.
Na votação estadunidense, o candidato pode ser eleito mesmo tendo menos votos populares do que seu concorrente, uma vez que quem vota são os delegados.
No Brasil, como os votos são diretos, não há a possibilidade de um candidato ser eleito com menos votos populares.
No Brasil, nós já tivemos eleições indiretas, por um colégio eleitoral. Na época da ditadura civil militar no Brasil, de 1964 a 1985, eram os deputados e senadores que escolhiam os presidentes militares, e não a população. Porém, diferentemente dos Estados Unidos, a população não podia sequer votar, não era uma democracia. Para Giba, “quando você não tem democracia, você não tem, de fato, uma legitimidade dos governantes no poder”.
Neste ano de 2020, no mês de novembro, o Brasil passou por eleições municipais, onde foram eleitos os vereadores e o prefeito de todas as cidades do país. Enquanto isso, os Estados Unidos também realizaram suas eleições, porém presidenciais. As eleições presidenciais brasileiras estão marcadas para 2022.
O site Politize dá um bom panorama geral no que diz respeito às eleições americanas. Um dos principais pontos a serem destacados, e que causa certo estranhamento à primeira vista a muitos brasileiros, é o fato de que lá não é simplesmente a soma dos votos da população a responsável por determinar o candidato vencedor, mas sim a soma dos números de delegados. Este número varia de acordo com a população de cada estado, e o conjunto dos delegados de todos os estados do país é denominado Colégio Eleitoral, o qual conta com 538 delegados.
Para que seja eleito, um candidato a presidente precisa ter os votos de 270 delegados, ou seja,
a metade e mais um. As regras de votação para os delegados variam de acordo com o estado.
Na maioria dos casos, todos os delegados do estado são obrigados a votar no candidato com mais votos populares daquele estado. Em outros, os votos são proporcionais aos votos populares.
O fato, portanto, que assusta muitos em relação a esse sistema é que o candidato à presidência pode ser eleito com mais votos do Colégio Eleitoral e não necessariamente com mais votos populares, como ocorre no Brasil. Isso aconteceu em 2016, quando Donald Trump teve 290 votos pelo Colégio Eleitoral, o que foi suficiente para elegê-lo presidente, mesmo com sua concorrente Hillary Clinton tendo quase 3 milhões de votos populares a mais do que Trump, segundo a BBC News.
De acordo Gilberto Pamplona (Giba), professor de Geografia do 9° ano, não é possível considerar um sistema melhor ou pior que o outro, pois são estruturas eleitorais diferentes, construídas historicamente de maneiras distintas. Porém, ele tende a concordar mais com o formato brasileiro. “Na minha opinião uma eleição deve ser direta. Ganha quem tiver 50% dos votos mais 1. Acho que isso garante, no segundo turno especialmente, uma legitimidade maior ao processo”. Porém, Giba também vê falhas no sistema brasileiro com a alta quantidade de abstenção. “Nós temos muitos eleitores que não vão votar porque estão fora do seu domicílio eleitoral. Na última eleição presidencial a diferença foi de aproximadamente 10 milhões de votos do primeiro para o segundo [colocado] e tivemos 31 milhões de abstenções. É muita gente que deixa de votar, apesar de ser obrigatório”. Para ele, o voto deve sim ser obrigatório. “Além de ser um direito, é uma obrigação civil. Uma obrigação de o cidadão expressar o seu direito ao voto, porque, se você não expressa o seu direito ao voto, outras pessoas vão decidir por você. Então é importante que todos participem do processo eleitoral”.
O Jornal Falaí! separou alguns pontos importantes em que se pode notar a diferença entre o sistema eleitoral americano e o brasileiro. Confira abaixo!
A política é um assunto bastante presente nas séries do Ensino Fundamental 2 do Colégio Santa Cruz, aparecendo, por exemplo, no Projeto Memórias do 6º ano e no curso de Introdução à Ciência Política (ICP) do 8º ano. O 9º ano conta com um projeto chamado Desafios da Democracia, que é uma maneira de discutir como a democracia, ao longo da história brasileira, sofreu interrupções e alterações, além de mudanças em relação ao voto, à vida cidadã, aos direitos civis. “No EF2 há um espaço muito grande para discutir política. Não apenas a questão partidária, não é essa que interessa, mas a discussão sobre como a democracia se organiza, como é importante viver na democracia, seus princípios, seus valores.”
Por fim, Giba destaca que no Ensino Médio se ampliam debates relacionados a esse tema, principalmente em períodos eleitorais, quando, inclusive, representantes de partidos são chamados para apresentar suas propostas.
Em entrevista exclusiva ao Falaí!, o correspondente internacional na ONU (Organização das Nações Unidas) e na OMS (Organização Mundial da Saúde), Jamil Chade, 44, conta os bastidores da pandemia do coronavírus, para além de números e estatísticas, nessas organizações.
Jamil Chade é correspondente na Europa há duas décadas e tem seu escritório na sede da ONU em Genebra. Com passagens por mais de 70 países, o jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparência Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente para veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Vivendo na Suíça desde o ano 2000, Chade é autor de seis livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti. Entre os prêmios recebidos, o jornalista foi eleito duas vezes o melhor correspondente brasileiro no exterior pela entidade Comunique-se. Em 2020, recebeu o prêmio do ano da Associação Internacional de Jornalistas Esportivos.
Confira na íntegra este bate-papo:
Jamil, qual é a relação do seu trabalho com a ONU?
Eu, como correspondente de meios brasileiros, o que eu faço é cobrir o que acontece nos organismos internacionais. Isso inclui a ONU (Organização das Nações Unidas), a OMC (Organização Mundial do Comércio) e a OMS (Organização Mundial da Saúde). Elas ficam sediadas em Genebra (Suíça) e, por mais que sejam gigantescas, essas entidades são uma vizinha da outra, literalmente, um prédio ao lado do outro. É tudo muito próximo, e não por acaso. Elas fazem parte de uma mesma família de organizações internacionais que foram criadas depois da Segunda Guerra Mundial com o objetivo primeiro de se evitar uma nova guerra. Mas elas também ganharam um mandato que era o seguinte: para que não haja guerra, você precisa garantir que as pessoas tenham acesso à educação, à saúde, a alimentos, dentre outras coisas. Para garantir a paz, você precisa garantir direitos. E essa é a estrutura que foi criada. Então, quando você fala no sistema ONU, você fala numa série de entidades que foram criadas para atingir este objetivo, o da paz, garantindo remédio, alimentos, moradia etc.
Esse é o pano de fundo de toda essa história. Agora, o que eu faço é cobrir o que acontece nessas organizações. E o que acontece nessas organizações nem sempre é tão nobre como foi o objetivo inicial. Você tem muita política, muita rasteira, muito jogo sujo e muita gente que quer usar daquele sistema para sua própria vantagem, seu próprio benefício. Então, hoje, cobrir esses organismos não é só falar bem deles. É cobrir de forma crítica. Eles estão cumprindo o mandato deles ou não? Estão funcionando ou não? Aquele objetivo inicial, que era atingir a paz, está sendo atingido ou eles estão fracassando? Essa é a cobertura. Não é uma cobertura em defesa deles, mas para cobrar que eles atendam aquele princípio básico para o qual foram criados.
A partir desse panorama apresentado por você, como vem sendo a atuação desses órgãos citados em relação à Covid-19? Como se modificaram?
O epicentro da resposta à pandemia é a OMS (Organização Mundial da Saúde). Ela é que tem a responsabilidade de dar uma resposta, de dar orientações e recomendações aos países. O grande problema é que, antes de a pandemia chegar, já existia uma crise muito grande de legitimidade dessa organização. Muita gente já questionava se ela era, de fato, eficaz para lidar com a saúde no mundo. Quando a pandemia chegou, ficou ainda mais evidente que ela tem falhas muito profundas. Então, dois caminhos se abriram. Um grupo de países falou: “De fato, a OMS tem muitas falhas e o que nós precisamos é reforçar a OMS, dar mais dinheiro, dar mais recursos e mais poderes”. O outro grupo, liderado pelos Estados Unidos, falou o seguinte: “Essa entidade fracassou e, portanto, nós vamos tirar todo o dinheiro dela”. São duas respostas completamente diferentes para o mesmo problema. O resultado disso é que hoje, dez meses depois de a pandemia começar, ainda não existe uma resposta coordenada dos países. Está cada um por si, fazendo o que acha que é o mais certo ou o menos errado. Cada um tentando comprar a sua vacina e deixando o vizinho sem vacina. E cada um basicamente dizendo: “Eu não preciso de nenhum tipo de coordenação mundial”. O problema é que o vírus não conhece fronteira, cor, classe social, orientação sexual, nada. O vírus ataca todo o mundo. O drama hoje dessa história é que, no momento em que o mundo mais precisava de coordenação internacional, ela não existiu. Essa foi uma parte do fracasso diante da pandemia. O que houve foi uma troca de acusação permanente.
Como isso mudou as instituições? Elas ficaram debilitadas. Se já estavam sendo questionadas, hoje estão lutando pela sua sobrevivência. E ninguém hoje pode dizer como vão ser a ONU e a OMS no pós-pandemia, quais entidades vão existir. É um momento super crucial da história, que vai definir o nosso futuro basicamente. Que tipo de regras vão ser estabelecidas – não só para lidar com a pandemia, mas como os países vão dialogar entre si? Tudo isso está sendo definido agora, e isso é muito importante. A gente acha que o mundo está parado por conta do confinamento, do lock down, mas a política e a briga pelo poder não estão paradas.
Embora os países não estivessem unidos, essas organizações tiveram algumas decisões de impacto em relação a todos os países como conjunto?
Sim. Existe desde 2009 um acordo que se chama “Regulamento Sanitário Internacional”. Isso foi assinado por todos os países e permite que a OMS declare uma emergência. Quando isso acontece, os países são obrigados a tomar medidas para controlar a entrada de pessoas, testar as pessoas, se preparar. E a OMS fez o papel dela e decretou a emergência global no dia 30 de janeiro. Não foi a decisão de uma pessoa, mas de um grupo de cientistas reunidos que chegaram à constatação de que, sim, havia uma situação de emergência. Quando eles declararam a emergência tinha exatamente 107 casos no mundo. Só nas últimas 24 horas já tem mais 400 mil casos. Eles declararam lá no comecinho mesmo. A grande debilidade de uma organização como essa é que ela faz uma orientação, mas, se determinado país não cumpre, ela não pode fazer nada, a não ser pedir. O mandato dela é incompleto porque ela tem o poder de declarar emergência global, ela recomenda que os países tomem decisões, mas, se os países não tomam medidas, ela não tem nada a fazer. A falha internacional também está aí. Por isso, de certa forma, o sistema se mostrou fraco.
A OMS teve três papéis. Um deles foi declarar emergência. O problema dessa medida foi não ter como implementar. Quem quis seguir, seguiu. E teve gente que seguiu e se deu muito bem, conseguiu frear o vírus, como Nova Zelândia, Singapura, Coreia do Sul. O segundo foi que ela realizou testes com tratamentos para tentar discutir qual deles funcionava. Foram quatro tratamentos em 400 hospitais de trinta países diferentes. Apenas uma organização internacional conseguiria fazer isso. Infelizmente chegou à conclusão de que nenhum dos quatro remédios funcionava, mas foi uma tentativa. Um deles era a cloroquina, que não funcionou. O terceiro papel que ela está cumprindo é criar um fundo de vacinas. O que é isso? Quando a vacina ficar pronta, não vai ter para todo mundo porque a capacidade de produção das fábricas não vai, da noite para o dia, ter vacina para 8 bilhões de pessoas no mundo. Então, ela pensou que países como Estados Unidos, Reino Unido, Brasil, Suíça, entre outros, terão dinheiro suficiente para comprar a sua vacina e distribuir para a sua população. Mas países como Bolívia, Tanzânia, Camboja, entre outros, não terão dinheiro para comprar a própria vacina. Por isso, a OMS criou um banco de vacina para comprar essas vacinas e distribuir de forma gratuita para esses países. Mais ou menos 90 países no mundo vão receber essas vacinas. Mas tem problemas seriíssimos. Por exemplo, se todos os países ricos já compraram as doses, quais doses vão sobrar para a OMS comprar? É um super desafio que ela vai ter. Além das vacinas, ela também distribuiu, para muitos países pobres, máscaras, respiradores, luvas, óculos cirúrgicos e muitos testes para fazer diagnósticos.
É uma atuação muito grande, mas muita coisa não pôde ser feita de forma eficiente porque ou o mandato é incompleto ou não havia recurso suficiente. O orçamento anual da OMS é de US$ 4 bilhões de dólares. Só que um único hospital médio dos Estados Unidos tem um orçamento de US$ 4 bilhões de dólares. Ou seja, a OMS tem para fazer a saúde do mundo inteiro o que um hospital tem nos Estados Unidos. Não dá, é uma questão matemática. Você ganhou a incumbência de cuidar da saúde do mundo inteiro, mas não ganhou dinheiro. Esse é outro ponto do fracasso da OMS, não há dinheiro para fazer o que ela precisa fazer. E, para piorar, o governo dos Estados Unidos falou: “Vocês fracassaram, eu estou é tirando dinheiro de vocês agora”.
Vimos que houve uma flexibilização em diversos países ao redor do mundo, mas isso acabou custando caro e alguns países voltaram com restrições. Como foi o posicionamento dessas organizações em relação a isso?
Quando os números começaram a cair na Europa, as organizações internacionais fizeram um apelo: “Agora é a hora de vocês se prepararem para uma possível segunda onda”. Preparar-se significa comprar mais testes, ampliar os hospitais, comprar mais máquinas de oxigênio, comprar mais máscaras e adaptar tudo, escolas, comércios, cinema. E nem toda a preparação prometida foi feita. Agora a segunda onda chegou e ela é tão ruim quanto a primeira. Descobre-se que os governos mais uma vez não estão preparados. Claro que estão melhor que no começo, conhecem mais o vírus, conhecem a reação das pessoas contaminadas, mas poderia estar muito melhor.
Parece que a primeira onda foi há muito tempo, mas faz só quatro meses. Temos uma tendência para esquecer a parte do sofrimento e aí, agora, voltamos todos ao confinamento sem previsão para acabar. Claro, há uma corrida maluca para fazer a vacina porque está cada vez mais claro que só a vacina vai acabar com isso agora.
Você comentou que a OMS distribuiu alguns testes. Em relação a países com um orçamento menor ou pessoas extremamente necessitadas, houve uma doação em valor por parte dos órgãos?
A OMS não doa dinheiro, ela faz doação de material. O que aconteceu foi uma distribuição desses equipamentos. O que vai acontecer é que, como a OMS não pode doar sozinha todas as vacinas, várias outras organizações internacionais estão entrando com dinheiro. Uma delas, que é a principal, é o Banco Mundial. Ele anunciou que vai dar US$ 12 bilhões de dólares para os países comprarem vacina. Eles dão dinheiro com a condição de que esse dinheiro seja usado para comprar vacina. Quanto vai custar o projeto de distribuir a vacina para os países pobres? A conta que a OMS faz é que vai custar US$ 38 bilhões de dólares. Não tem esse dinheiro total agora. Tem os US$ 12 bilhões do Banco Mundial e mais US$ 4 bilhões ou US$ 5 bilhões que foram doados pelo Bill Gates, outros governos etc. Eles hoje estão muito preocupados que não vai ter esse dinheiro. Realmente é muito dinheiro, mas US$ 38 bilhões de dólares é o equivalente ao que o mundo gasta em duas semanas em cigarros. Então, dinheiro tem e existe, mas a questão é como fazer esse dinheiro chegar para coisas que não são suas. Qual é a tentativa que a OMS faz e o argumento que usa? “Se você proteger alguém na África, você está ajudando a acabar com o coronavírus. Se acabar com o coronavírus, ele não vai te afetar novamente.” Não é um favor a alguém, você está se protegendo. Quem é que vai vacinar os bolivianos, os haitianos? Provavelmente o Brasil, por estar ao lado. Na Europa, quem está ao lado é a África. A solidariedade não é distribuir roupa no Natal. Se você der o dinheiro, você está protegendo a outra população e a sua população. Essa é a tentativa, mas não está sendo fácil.
Você já presenciou alguma decisão ou ação muito importante de alguma dessas organizações?
No dia 23 de janeiro, o Comitê de Emergência da OMS se reuniu para declarar emergência para a Covid-19. Eu acompanhei a reunião. No final dela, eles não conseguiram ter consenso dentro da sala de que aquilo era uma emergência. Acabou o dia e eles anunciaram que não era uma emergência global ainda. Sete dias depois, tiveram que voltar a se reunir porque os casos continuaram a crescer. E aí chegaram à constatação de que, sim, era uma emergência e, então, declararam. Eu estava nessas duas reuniões. Só que muita gente diz que essa semana, em que nada foi feito, foi decisiva para espalhar o vírus pelo mundo. Nenhum avião foi parado, ninguém foi testado, e dali espalhou. A gente nunca vai saber o que teria acontecido se naquela reunião do dia 23 de janeiro eles tivessem declarado emergência. A verdade é que o mundo perdeu uma semana inteira. A decisão foi de cientistas dentro da sala. Deu 50% a favor e 50% contra declarar emergência. Então, eles não tinham como declarar. Mas quantos aviões não saíram da China naquela semana com pessoas que nem sabiam que estavam contaminadas? Nunca vamos saber. Essa foi uma das reuniões mais dramáticas que eu já presenciei.
7
As taxas de desemprego chegaram a um novo recorde, entre maio e julho de 2020, e não foi o de menor porcentagem. Batendo na casa dos 13,8%, o desemprego só aumentou na pandemia. A taxa faz parte da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgada
todos os meses.
Para entender como a pandemia afetou a economia brasileira e o desemprego, o Falaí! conversou com Marcelo Roubicek, que é economista, jornalista do Nexo Jornal e ex-aluno do Colégio Santa Cruz. Confira no nosso podcast.
8
Pela primeira vez em dezoito anos o Brasil tem uma nova cédula de dinheiro, a nova nota de R$ 200, lançada pelo Banco Central no dia 2 de setembro juntamente com uma campanha. Inicialmente foram produzidas 450 milhões de unidades da nova cédula. A última nota lançada no país havia sido a de R$ 20 reais, em 2002. Por que criar uma nova nota?
De acordo com o site da BBC, a medida atende ao aumento da demanda por dinheiro vivo, que durante a pandemia da Covid-19 cresceu de R$ 216 bilhões para R$ 277 bilhões. Outro motivo é o entesouramento, ou seja, o dinheiro que as pessoas guardam em casa para fazer reserva em tempos conturbados, levando a uma menor circulação de moeda. Além disso, ter uma nota de maior valor pode fazer com que menos notas precisem ser carregadas, havendo mais dinheiro em menos espaço. O jornal Nexo menciona ainda uma possível redução de custos de logística para a fabricação do dinheiro, especialmente na impressão.
Porém, os jornais também apresentam argumentos contrários à criação da nota, como, por exemplo, a relação entre cédulas de valor mais alto e uma possível perda de valor ou volta da inflação. Outro argumento contrário é a facilidade aumentada a crimes de corrupção, com malas de dinheiro. Além disso, existe uma tendência mundial de redução do uso de dinheiro em espécie diante de transações digitais. Por último, o troco que a nova nota vai exigir por ter um valor muito alto pode gerar dificuldade para todos, consumidores e estabelecimentos.
Desde a primeira cédula produzida no Brasil em 1694, que foi o Real Império, houve nove trocas de moeda até chegarmos ao Real. Tivemos, entre outras, Cruzeiros, Reis, Cruzados, até que em 1994 foi criado o Real, usado hoje. Desde então, já houve algumas notas que não circulam mais, como a cédula de R$ 1 e a nota comemorativa de plástico de R$ 10, hoje consideradas raras.
A nova nota traz a imagem de um lobo-guará. Por que essa estampa? De acordo com o governo, trata-se de um animal típico da fauna brasileira e que está ameaçado de extinção, assim como os animais representados nas demais notas. Além disso, a nova cédula conta com mais elementos de segurança contra falsificação do que qualquer outra nota brasileira, como marca d’água, número que muda de cor, número escondido, alto relevo, micro texto, quebra-cabeça, elementos fluorescentes e fio de segurança.
A internet não deixou barato e fez vários “memes” em torno da nova nota, principalmente com o animal da cédula. Um dos principais foi o pedido para que colocassem o cachorro vira-lata caramelo no lugar do lobo-guará, pois ele representaria um animal nacional. Como resposta, o governo entrou na brincadeira e fez um vídeo com o animal apresentando a nova cédula.
cultura
9
No dia 28 de agosto de 2020, o ator Chadwick Boseman faleceu em sua casa. O ator lutava contra um câncer de cólon desde 2016. Ele fez parte de diferentes filmes e séries, como 42 – A história de uma lenda, Marshall, Destacamento Blood, além de seu principal papel,
como o Rei T’Challa, ou Pantera Negra.
Pantera Negra ficou marcado como o primeiro filme de heróis com um protagonista negro, o que trouxe representatividade para o mundo geek dos heróis de quadrinhos como jamais havia acontecido. O filme mostra uma África nunca vista antes, cheia de riquezas e tecnologia, sem fome ou pobreza.
Batendo recordes de bilheteria, com sete nomeações para o Oscar em 2019 e três vitórias, o filme teve um impacto tão grande na sociedade negra que o gesto de “Wakanda Forever” se tornou o novo “Black Power”.
Um grupo de fãs está reivindicando em uma petição que se faça uma estátua do ator. A ideia é que a homenagem substitua um memorial escravista dos Estados Confederados em Anderson, na Carolina do Sul, sua cidade natal.
Coincidentemente, a morte do ator aconteceu no aniversário do discurso mais emblemático de Martin Luther King, em que o ativista disse que teve um sonho de um Estados Unidos sem desigualdade, racismo e violência, muito parecido com o reino de Wakanda.
10
Quando a pandemia começou, não se sabia quando os estabelecimentos e as atividades
gerais iriam retornar ao normal, como eram antes. Por isso, uma pergunta frequentemente rodava na cabeça de todo fã de esportes: quando seria possível assistir à atuação de times
e atletas novamente?
É de conhecimento geral que as competições voltaram ou estão voltando aos poucos, como o tênis, a NBA (National Basketball Association, liga norte-americana de basquetebol) e o futebol. Mas você sabe quais são os parâmetros específicos que estão sendo adotados para a segurança contra a Covid-19 nas diferentes modalidades esportivas?
Há o mais óbvio, é claro, como o uso obrigatório de máscaras fora do campo ou quadra, o uso constante de álcool em gel, a realização de eventos sem a presença torcida, entre outras medidas. Porém, por trás de todo o espetáculo, outros procedimentos são adotados. Nos maiores clubes de futebol nacionais e internacionais e de outros esportes coletivos, os atletas fazem em média três testes de coronavírus por semana. Isso é para evitar ao máximo a propagação do vírus entre outros atletas, assim prejudicando menos pessoas.
O tênis foi o esporte “mais fácil” a retomar as atividades. Por ser uma modalidade individual nas maiores ligas, os jogadores e o apoio técnico não têm um contato físico muito grande. É por isso também que o tênis é o esporte mais indicado a ser praticado durante a pandemia, segundo um estudo norte-americano.
Já o basquete, que seria difícil retomar por se tratar de um esporte coletivo, impressionou o mundo: a bolha da NBA, o maior campeonato do mundo na modalidade, colocou todos os jogadores de todos os times em um resort da Disney, em Orlando. O espaço tem uma área equivalente a 220 campos de futebol, com três hotéis, doze quadras de basquete, duas arenas para jogos e várias atrações de lazer e entretenimento, como piscinas e jardins, as quais os jogadores não deixaram de utilizar. O custo operacional do espaço foi equivalente a R$ 1 bilhão.
Muita tecnologia esteve envolvida nessa bolha. Os jogadores receberam vários aparelhos individuais para medir temperatura corporal, oxigenação do sangue, entre outros procedimentos. Essas informações ficavam armazenadas em braceletes que todos foram obrigados a usar. A partir da leitura desses braceletes os computadores na porta de cada estabelecimento do resort permitiam ou não a entrada dos jogadores, pois quem não estivesse com a saúde em dia ficava de fora. Cada atleta contou também com um anel de tecnologia avançada capaz de detectar micromudanças de temperatura, que podem significar sintomas da doença. Todos foram muito profissionais no momento.
O que também marcou o basquete na sua volta foram os protestos contra o racismo, organizados pelos próprios jogadores. Um deles foi um boicote que paralisou os jogos da liga por 72 horas.
O primeiro campeonato de futebol a voltar foi o alemão, a Bundesliga, no dia 16 de maio. Foi esse torneio que deu início aos protocolos de segurança na modalidade e serviu de exemplo para outras ligas, como a brasileira, que estreou com o Campeonato Carioca em meados de junho.
Esse campeonato teve um caso particular muito interessante. Foi o primeiro a retornar, pois o Flamengo fez grande pressão na CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para que isso acontecesse. Mas, por ironia, quando o campeonato voltou, vários jogadores do time foram infectados pela Covid-19. Não apenas o Flamengo, mas outras equipes também foram prejudicadas pela doença. O Goiás, que atua na Série A do Brasileirão, teve de pedir para adiar alguns jogos, pois um surto interno do vírus atacou o clube. O Corinthians chegou a ter também um surto interno, mas antes da volta dos campeonatos. No exterior, houve também o caso do Orlando Pride feminino, nos Estados Unidos, que nem chegou a voltar ao campeonato pelo mesmo motivo. Alguns jogadores famosos internacionalmente também contraíram a doença, como Cristiano Ronaldo e Paulo Dybala, mas sem gravidade.
Depois da volta do Carioca, vários estaduais também retornaram. Com a ausência de torcidas, os campeonatos estão criando formas de interação, como a adoção de telões com torcidas virtuais e alto-falantes com som dos cantos das arquibancadas. Na Europa, em países como a França alguns jogos já estão sendo realizados com torcida, e isso está repercutindo no Brasil, com discussões sobre o assunto na CBF. A Champions League, maior liga de futebol mundial, utilizou a estratégia de sede única a partir das quartas de final, em Portugal.
Não só a NBA adotou a bolha. A MLS (Major League Soccer) e a NWSL (National Women’s Soccer), ligas de futebol masculina e feminina dos Estados Unidos, também usaram a estratégia. O campeonato masculino foi realizado na Flórida, enquanto o feminino ocorre no estado de Utah. A NHL (National Hockey League), a liga norte-americana de hóquei, também está utilizando da bolha.
Além dos esportes profissionais, os clubes de São Paulo também retomaram suas atividades. Locais como Paulistano, Pinheiros e Anhembi já estão funcionando, é claro, com todos os protocolos de segurança.
O racismo infelizmente ainda está presente em nosso cotidiano, e em muitos ambientes a luta para combatê-lo é constante. No mundo esportivo isso não foi diferente, principalmente com a volta da NBA (National Basketball Association), a liga norte-americana de basquetebol, no segundo semestre de 2020. Alguns jogadores da liga se sentiram na obrigação de se impor em relação a casos de discriminação racial, manifestando-se de diferentes formas, como nas redes sociais, onde têm grande influência, e por meio de entrevistas e protestos no próprio local de trabalho, as quadras.
Num ato histórico, as equipes da NBA se uniram e pressionaram a organização do evento para autorizar que os jogadores colocassem uma frase ou uma palavra como forma de protesto nas costas da camiseta, além de seus nomes. Outra conquista foi a inscrição da frase “Black lives matter” no chão das quadras junto ao ato coletivo de ajoelhar no momento do hino. Porém, isso não foi o suficiente. Com a morte de Jacob Blake, homem negro norte-americano que recebeu sete tiros nas costas quando estava prestes a entrar no carro com seus três filhos, os jogadores se reuniram para discussões por mais de dois dias, até que, no dia 26 de agosto, o time do Milwaukee Bucks escreveu um manifesto e boicotou o jogo que estava programado. Sim, eles se recusaram a jogar naquele dia e essa ação foi tão impactante que reverberou pelo mundo dos esportes, fazendo com que, além da NBA, outros esportes cancelassem algumas de suas partidas, como, por exemplo, o tênis, o basquete feminino, o futebol e o beisebol.
Um dos maiores protagonistas da NBA, o atleta LeBron James se pronunciou em suas redes sociais dizendo que “mudanças não vêm com palavras e sim com ações”. E foi isso que fizeram os jogadores, agiram.
Com esses protestos dentro das quadras, a população de diversos estados, como Oregon, Califórnia, Minnesota e Wisconsin (estado este em que se localiza Milwaukee, cidade que sedia o Milwaukee Bucks) também se manifestou, saindo às ruas. Porém, as coisas acabaram fugindo do controle quando um adolescente de 17 anos matou dois manifestantes e feriu outros deles. Ele foi preso e responderá por homicídio doloso.
Para explorar o assunto, o Jornal Falaí! conversou com Mildred Sotero, 51, que é negra e professora de Educação Física do Santa, e também com Everaldo Marques, 42, narrador esportivo do canal SPORTV. Fiquem com a entrevista:
11