QUASE
100 ANOS DE "OLHOS PUXADOS" |
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Há muito tempo, os imigrantes japoneses pisaram com seus pés numa terra desconhecida que nunca haviam visto. O nome desse lugar era Brasil. Os primeiros imigrantes vindos do Japão foram transportados pelo navio Kasato Maru, que desembarcou no Porto de Santos em 1908. Ele trazia 165 famílias que vieram para trabalhar nos cafezais do interior do Estado de São Paulo. Nos primeiros cinco anos, foram transportadas para lá mais 2.500 famílias. Nos navios os japoneses aprendiam atentamente a Língua Portuguesa. A idéia era ajudá-los na comunicação com os Gaijin (estrangeiros), que no caso eram os brasileiros. |
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Vida no Brasil
No início, a vida do japonês aqui no Brasil foi muito dura. A moeda naquela época era outra, mas como exemplo, se fosse hoje em dia, de R$100,00 recebidos pelo trabalho de um homeme no mês inteiro, R$20,00 eram recolhidos pelo governo como pagamento da passagem que o trouxe ao Brasil e R$60,00 eram usados para pagar a comida que havia sido comprada na venda da fazenda na qual trabalhava por um preço muito maior que o da cidade. Sobravam apenas R$20,00 ganhos pelo duro trabalho. Mesmo estando em uma situação de trabalho quase escravo, os japoneses nunca deixaram de pensar em seu imperador Meiji (1852-1912) com muita fé. Os japoneses permaneceram por aproximadamente 45 anos em condições ruins. Os imigrantes que chegaram entre 1920 e 1930, além de cuidarem das lavouras, desenvolveram o cultivo de morango, chá e arroz no Brasil. Depois dessa fase de trabalho quase escravo, muitos daqueles que conseguiram mudar de região foram trabalhar em grandes hortas criadas por eles, a maioria na região de Mogi das Cruzes e, dos que optaram pelas cidades, ou foram trabalhar como operários em indústrias ou abriram seu próprio negócio, como pequenas lojas de alimentos ou presentes, restaurantes e tinturarias. A partir da década de 70, os japoneses começaram a casar-se com brasileiros. A colônia japonesa do Brasil está dividida hoje em: 12,51% de isseis (japoneses de primeira geração, nascidos no Japão); 30,85% de nisseis (filhos de japoneses); 41,33% de sanseis (netos de japoneses) — dentre os quais 42% são mestiços —; 12,95% de yonseis (bisnetos de japoneses), dentre os quais 61% são mestiços. Atualmente existem no Brasil 1,5 milhões de japoneses e descendentes, sendo 80% no Estado de São Paulo e a maioria na capital. Em 2008, serão comemorados os 100 anos de imigração japonesa no Brasil. Bairro da Liberdade O bairro da Liberdade, no centro da capital paulista, representa o marco da presença japonesa na cidade. A partir de 1912 o bairro da Liberdade começou a ser ocupado pelos imigrantes que não se adaptaram às condições ruins da lavoura. A rua que atraía mais os japoneses era a Conde de Sarzedas, marcada por uma ladeira. Lá eles se sentiam em casa, pois além de haver facilidade em conseguir emprego, poderiam matar a saudade da comida japonesa. Próximo dali ficava o Comercial Fujisaki, que comercializava produtos nipônicos. A rua possuía casas com porões e aluguéis baratos e passou a ser chamada de Rua dos Japoneses. Os imigrantes haviam encontrado sua segunda terra natal. Surgiram, então, as pequenas fábricas de produtos japoneses e foram abertas novas oportunidades de emprego. Atualmente, nesse mesmo bairro acontece nos fins de semana uma feira onde são vendidos artesanatos, roupas, comida e diversas mercadorias também nipônicas. Lá você pode comer em restaurantes divinos como o Takô, na Rua da Glória nº 746, e o restaurante Gombe, que está localizado na Rua Tomáz Gonzaga nº 22. Em maio acontece na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa (Bunkyo), o Bunka Matsuri ou festa da Cultura Japonesa. Esse evento reúne em um só local tudo o que a cultura do Japão tem de melhor em seus costumes e tradições, tais como: mangás e animês, demonstrações de Artes Marciais etc.
Arte marcial A maioria das artes marciais criadas no Japão tem o nome terminado em “Dô”, como Judô, Kendô, Aikidô, Kiaidô etc. As artes marciais não são usadas para atacar pessoas, mas como prática física e mental. No judô há vários tipos de faixas, por exemplo: branca (1ª), cinza (2ª), azul (3ª) amarela (4ª), laranja (5ª), verde (6ª), roxo (7ª), marrom (8ª), preta (9ª), coral (10ª), vermelha (11ª). Se você conhece as faixas do Judô em outra ordem não se preocupe, pois pode ser qualquer uma. Objetos da sorte Muitos japoneses têm suas crenças e por isso possuem alguns pertences, como o Tanuki, que é a estátua de uma raposa colocada na porta de entrada para afastar o azar. Há também o Go Ien, que é uma moeda de cinco iens, usada como pingente de colar que traz sorte.Também há o Manekineco, que é a estatueta de um gato com um sorriso estampado no rosto, uma das patas levantadas e outra com uma moeda na mão. São colocados como enfeite nas entradas dos estabelecimentos comerciais para atrair dinheiro e sucesso nos negócios. Existe o Daruma, que é um boneco pintado de vermelho com formato redondo que não tem os olhos pintados. Quando se deseja realizar algo, pinta-se um dos olhos com tinta preta, mentalizando-se o que quer. Quando o desejo for realizado, o outro olho deverá ser pintado. Comida No Japão, e também aqui no Brasil, os japoneses têm o hábito de comer peixe cru como sashimi, sushi, shirogohan etc. Mas também há as receitas cozidas, como a tempura. Veja no box abaixo e experiemente! T E M P U R A
No Japão, como os japoneses
Helenice notou algumas diferenças entre os japoneses e brasileiros: eles são mais sérios e não apertam as mãos quando se encontram, apenas fazem um cumprimento abaixando a cabeça. Os japoneses parecem respeitar-se muito entre si, por exemplo, quando estão gripados usam máscaras para não contaminar os outros. Ela viu alguns produtos para vender lá que ainda não foram lançados no Brasil, como novos modelos de câmeras fotográficas, filmadoras, aparelhos celulares, enfim, vários eletroeletrônicos. Também nos disse que não entrou em nenhuma residência, mas sabe que em Tóquio as casas são muito pequenas. Os japoneses só compram um automóvel quando têm uma garagem para guardá-lo e por isso muitos carros atualmente são pequenos. Helenice visitou duas outras cidades, Kioto, que já foi a capital japonesa, e Nara, primeira capital do Japão, onde há o Templo Todai-ji, a maior construção de madeira do mundo, que possui um gigantesco Buda de bronze dentro. Este Buda foi finalizado no ano 751 e sua obra consumiu toda a produção de bronze do Japão, quase levando o país à falência. Lá viu também muitos cervos em uma praça e pôde alimentá-los. O mais curioso foi que eles pareciam agradecer, abanando a cabeça antes de comer. Ela descreveu dois locais que lhe chamaram muito a atenção: os templos budistas e shintoístas e os jardins de lá, que são muito bonitos, com lagos, peixes e muitas árvores. Disse-nos
também que o bairro da Liberdade é parecido com algumas
ruas de Tóquio. Muitos dos produtos que encontramos lá no
Japão, também são vendidos aqui. Finalmente, terminamos nossa reportagem dizendo Sayonara, que quer dizer tchau em japonês, pois agora vamos nos preparar para o aniversário de cem anos da Imigração Japonesa.
André
Levy e Fernando Bracco e Léo Yanaguihara – 4ª C.
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