Jornal
do Santa:
Quem
fundou o Colégio Santa Cruz no Brasil?
Padre Corbeil.
Jornal
do Santa:
Com que objetivo ele foi fundado em São Paulo?
Para atender a uma demanda que havia na cidade por colégios
católicos. Havia mais colégios para meninas do que
para meninos, então para se chegar a um certo equilíbrio,
fundou-se o Colégio Santa Cruz só para meninos.
Jornal
do Santa: Há mais alguma escola que pertence
à Congregação de Santa Cruz aqui no Brasil?
Qual?
Sim, o Colégio Dom Amando, em Santarém, no Pará,
e o Colégio Notre Dame, em Campinas.
Jornal
do Santa:
Quais
são as diferenças e semelhanças entre elas?
O que há de mais concreto é que algumas vezes no
ano os diretores de cada uma dessas escolas se reúnem e
trocam experiências.
Entre os colégios de Campinas e São Paulo há
uma semelhança estrutural e também cultural. Os
dois estão em grandes terrenos, com vários pavilhões
e tem a mesma classe social como público. O colégio
de Santarém já é diferente por duas razões.
Primeiro porque é lá no Pará e está
numa cidade que não é a capital, apesar de ser relativamente
grande. Do ponte de vista da arquitetura, é um colégio
tradicional. Há um único prédio grande e
o terreno de esportes fica em volta. Atende a classe média
de lá, pois já que é um colégio pago,
é também seletivo. A cultura também é
diferente, é mais provinciana. Sendo assim, o jeito de
se dar aula é diferente.
Mas da mesma forma, todo fim de ano os diretores se reúnem
e conversam sobre os fatos ocorridos e trocam idéias para
o ano seguinte.
Jornal
do Santa: No início, existia, por parte da
Congregação, alguma preocupação relativa
ao público que iria freqüentar suas escolas?
Quando
o colégio foi fundado, os colégios católicos
da época estavam inseridos na classe média e na
classe alta. Quando se falava de colégios católicos,
se pensava em São Luiz, em São Bento, nos grandes
colégios femininos da época. Então, sem que
fosse fundado para, era natural, não se iria fundar um
colégio, nos anos 50 em Vila Maria, por exemplo. Não
havia clientela para isso.
Jornal
do Santa: E nos outros países em que há
colégios da Congregação? Como é o
público?
Eu acho que no Canadá e na França, no tempo do Pe.
Moreau, as escolas rurais eram para os camponeses, os mais pobres
da época. Mas o colégio que ele abriu em Les Mans
era um colégio para a classe média e média
alta. Depois foi fundado um outro colégio da Congregação
num subúrbio de Paris, que era um colégio de elite.
Ele existe até hoje, mas não está mais nas
mãos da Congregação. A Congregação
prosperou muito pouco na França, pois no século
19 todos os governos eram marcadamente hostis à Igreja,
eram laicos.
Jornal
do Santa:
E na África?
Na África e na Índia têm vários colégios
da Congregação. Eu acho que não são
colégios populares, pois quem pode lá ter uma educação
mais prolongada também é de classe econômica
mais abastada. Porém, é claro que a classe média
na África é diferente da daqui. Eles têm escolas
de todos os tipos. As escolas primárias se orientam mais
para as pessoas simples e quanto mais elevado o nível acadêmico,
mais elitista a escola se torna.
Jornal
do Santa:
No
início havia quantas séries aqui no colégio?
Bem no começo, em 1952, havia duas séries do Ensino
Fundamental 2. Cada série continha uma classe de mais ou
menos trinta e cinco alunos. Ano a ano, foi sendo criada uma série
acima e o número de classes também foi aumentando.
Jornal
do Santa: Onde era o lugar no qual o colégio
funcionava antes? Por que mudou para cá?
Ficava na Avenida Higienópolis, 890, em frente ao Colégio
Sion. O colégio funcionava em uma casa de família
e depois o lugar ficou pequeno demais. Hoje, no mesmo quarteirão
funciona o Colégio Rio Branco.
Jornal
do Santa: O que há atualmente no prédio
onde funcionava o colégio no início?
É a sede da Cúria Metropolitana de São Paulo,
que é, digamos, a central da Arquidiocese de São
Paulo.
Jornal
do Santa: No início quantos padres trabalhavam
no colégio? E hoje, quantos há? Quem são?
No início havia cinco ou seis padres trabalhando. Quando
mudamos para cá havia mais de dez. Morávamos no
prédio onde funciona hoje o Curso de Educação
Infantil, oito padres no andar de cima e dois no piso térreo.
Os padres eram: Gil, Corbeil, Cláudio, Paulo, Jorge, Ivon,
José, Fábio, Rolando, André, Maurício,
Léo e Lourenço.
Jornal
do Santa: Conte como foi sua trajetória profissional
no colégio?
Eu fui professor de Português, Latim, Religião e
Diretor do Curso Ginasial (atual Ensino Fundamental 2). Minha
ocupação atual é celebrar missas na capela
de São Francisco, com presença no colégio.
Jornal
do Santa: Quais são, na sua opinião,
as diferenças que existem entre os alunos de hoje e os
de antes no colégio?
É a mesma “massa”, mas o mundo mudou. A cidade
não é mais a mesma, cresceu muito, agora existem
os equipamentos eletrônicos (televisão, computador),
as famílias eram mais numerosas, havia uma prática
religiosa maior... Hoje as pessoas são interessadas em
outras coisas, como por exemplo, computador, pois naquela época
nem existia isso.
Jornal
do Santa: Como eram os uniformes? O senhor acha que
ainda deveriam ser obrigatórios?
O uso de uniformes no colégio nunca foi obrigatório,
o colégio já tinha um toquezinho mais moderno. Havia
as cores do colégio e o uniforme era apenas um “traje
esportivo” para as aulas de Educação Física,
como é até hoje. No colégio das meninas tinha
uniforme, mas no dos rapazes era mais livre. Atualmente, na Educação
Infantil (Pré 1 e 2) o uso do uniforme é obrigatório
todos os dias.
Jornal
do Santa: Fale um pouco sobre o que levou o colégio
a se mudar para este bairro.
Os padres sabiam que o colégio iria se expandir e não
caberia mais naquele local que era uma casa de família,
no qual o quarto virou sala, o jardim o recreio e os banheiros
foram ampliados e divididos em masculino e feminino. O colégio
até chegou a pedir um empréstimo de sala para o
Colégio Sion, que ficava à sua frente. Depois de
um ano, ganhou o terreno do campus atual de uma empresa canadense,
chamada Brazilian ......, ligada à Light. Como os padres
eram canadenses, ganharam esse terreno.
Jornal do Santa: Fale um pouco sobre as mudanças
que o colégio sofreu em seus cursos.
Em primeiro lugar houve uma mudança quantitativa. Quando
nos mudamos para cá havia no máximo 300 alunos,
hoje em dia há por volta de 3.000. Havia apenas meninos,
depois se tornou misto. No início havia apenas o Ginásio,
depois foi criado o Curso Colegial, que é o Ensino Médio
de hoje, e depois o Curso Primário, que é o atual
Fundamental 1. Há poucos anos foi criado o Curso Supletivo
e, em seguida, a Educação Infantil. No começo
só havia uma classe de cada série, hoje em dia há
algumas séries que possuem seis classes.
Jornal
do Santa: O que levou o colégio admitir meninas?
Foi a mudança cultural, até os anos 70 todos os
colégios católicos eram ou só para meninos,
ou só para meninas. A partir da década de 70, os
colégios pararam de ter a “preferência”
e começaram a admitir a mistura dos dois sexos. Foi a evolução
dos tempos que levou a isso.
Jornal
do Santa: O que o senhor tem para falar sobre o nosso
Campus?
Este campus “foi a menina dos olhos” do nosso fundador,
Pe. Corbeil. Ele sempre quis um colégio amplo, com vários
pavilhões, muito verde, quadras, laboratórios etc.
O campus foi crescendo aos poucos, à medida que o número
de alunos aumentava e os cursos se multiplicavam. Conforme os
cursos foram sendo criados, o colégio foi se transformando
aos poucos. No início o colégio não possuía
muro, não havia violência, apesar de haver uma favela
muito próxima ao colégio, na Av. Arruda Botelho.
O SAN surgiu para atender as necessidades dessa favela. Os alunos
do colégio faziam a alfabetização das crianças
de lá, e foi um desses o motivo de criação
do Curso Supletivo.
Havia um vigilante noturno que dormia a maior parte do tempo.
Hoje temos dezenas deles.