Gênero: Jornalístico / Entrevista
Tema: Personalidades históricas
Apresentação da ENTREVISTA
A entrevista é um gênero textual informativo e tem por finalidade colher opiniões de pessoas a respeito de um assunto ou de fatos em evidência no momento em que ela é realizada; pode também divulgar informações sobre a vida pessoal e profissional de uma pessoa de renome.
Leia a seguinte entrevista ficcional, publicada no site do curso.
EUCLIDES, O PAI DA GEOMETRIA
Após 20 anos trabalhando incansavelmente para reunir todo o conhecimento geométrico da humanidade em uma só obra, Euclides, 60, acaba de concluir Os Elementos, sua obra-primaLEONARDO BRIZA
A parte de cima do Museu, a famosa biblioteca de Alexandria, além de uma fantástica vista para o Maravilhoso Farol, abriga a excentricidade de um dos grandes gênios do Mundo Antigo, Euclides, velho e ranzinza, porém rejuvenescido e animado devido à conclusão de sua obra-prima Os Elementos, na qual trabalhou por mais de 20 anos. Em treze volumes, o texto do século III a.C. constrói muitos dos conceitos geométricos e matemáticos, sem as facilidades técnicas e intelectuais desenvolvidas até o século XXI. Apesar da esquizofrenia e idade avançada para a época, Euclides apresenta idéias muito firmes.
REVISTA - Após a publicação d’Os Elementos, o senhor pretende ser considerado o maior gênio da Geometria?
EUCLIDES - Bah! Que vão pros diabos os que ainda não me acham o maior gênio da Geometria! Agora, depois de Os Elementos e todas as suas genialidades, é impossível que não o façam! É brilhante! É original! É único!
REVISTA - O senhor parece muito animado mesmo! Como o senhor teve a idéia de escrever Os Elementos? Que motivos o levaram a concretizar essa idéia?
EUCLIDES - Tudo começou quando Ptolomeu Filadelfo me convidou para viver aqui em Alexandria, nesse maravilhoso Museu. É sensacional. Olhe os livros, as obras de arte, a imponência desse lugar. Sinto-me inspirado aqui. Fui chamado para desenvolver minha ciência e logo pensei em reunir o desenvolvimento das minhas e de todas as teorias geométricas humanas em uma única obra. Foi um sucesso, não?
REVISTA - É verdade. Sua obra tomará uma grande importância mesmo. Mas como desenvolver toda a Geometria? A partir de que conceitos? Que princípios?
EUCLIDES - Para desenvolver todos os conceitos do livro, utilizei o método axiomático. Explico. Para dar alguma explicação devemos utilizar conceitos mais fáceis e cada vez mais simples, como na explicação das palavras de um dicionário. Porém, esse recurso não é infinito, uma vez que há alguns conceitos impossíveis de serem explicados com outros mais fáceis. Esses axiomas, ou postulados, devem ser tomados como verdades absolutas, já que são percepções naturais e óbvias.
REVISTA - O que o senhor diria se eu dissesse que, no futuro, o seu quinto postulado, sobre retas paralelas, será questionado, invalidado e surgisse uma Geometria não-euclidiana, aplicada no espaço sideral e distâncias muito grandes?
EUCLIDES - (ri) Há imbecis para tudo (sic)! Minha Geometria vale para qualquer espaço e distância. Meu quinto postulado é óbvio! Só existe uma reta paralela a r que passa por P. Com a minha Geometria consigo calcular a distância do Sol à Lua a partir da distância Terra-Sol e Terra-Lua. É um triângulo. E é espaço sideral, não é?
REVISTA - Ok. E se dissesse que teremos outros conjuntos numéricos, que dariam muitos outros recursos para cálculos em geral?
EUCLIDES - (pausa) Não consigo imaginar outros números além dos que conheço. Ainda bem que só tenho esses. (risos) Não saberia lidar com outros. Minhas demonstrações estão ultrapassadas no futuro, é?
REVISTA - De forma alguma. Suas definições serão ensinadas nas escolas até o meu tempo. O senhor pensou em tudo sozinho?
EUCLIDES - Estou orgulhoso! Sozinho não. Quase... (risos). Amigos me ajudaram. Aqueles ali (aponta; a sala está vazia), compenetrados em suas leituras.
REVISTA - Pitágoras também o ajudou, não é mesmo?
EUCLIDES - Pitágoras? Ah, sim... Pitágoras me ajudou um bocado para desenvolver todos os cálculos de área. É possível dividir qualquer polígono em triângulos e formar retângulos com partes desses triângulos, com mesma área. A partir dos retângulos, organizam-se quadrados. Apoiando-se esses quadrados nos catetos de um triângulo retângulo, descobrimos a área da soma da área dos dois. Fazendo-se o mesmo com todos os triângulos que dividem o polígono, encontramos sua área total! É brilhante! Pela mesma lógica, usando o teorema desenvolvido por Pitágoras, descobrimos que a proporção entre as áreas de círculos estão relacionadas à proporção entre seus raios!
REVISTA - E quanto aos volumes dos poliedros regulares? O que o senhor pode nos dizer?
EUCLIDES - O volume dos poliedros regulares também deduzi com base em Pitágoras. Eles estão relacionados aos lados dos poliedros e os raios das esferas circunscritas a eles. O importante é que o método vale para os cinco casos: cubos, tetraedros, octaedros, dodecaedros e icosaedros.
REVISTA - Cinco casos?
EUCLIDES - Não são cinco?
REVISTA - Será?
EUCLIDES - Ah! Fique quieto, seu engraçadinho do futuro!
(risos)Leia outras entrevistas a Euclides no site:
http://www.cei.santacruz.g12.br/~redacao/2007_2.htmCaracterísticas da ENTREVISTA
- tem por finalidade colher informações, depoimentos, opiniões, aspectos da vida pessoal ou profissional de pessoas de destaque nos meios artísticos, cultural, político, científico, etc.;
- estrutura: contém título e geralmente subtítulo e uma introdução (um pequeno texto em que se apresenta o entrevistado e o assunto a ser tratado); o texto da entrevista propriamente dito é organizado em perguntas e respostas;
- apresentação do nome do entrevistado e do entrevistador (nome do jornalista ou do jornal ou revista que ele representa) antes da fala de cada um;
- linguagem geralmente culta (na transcrição, costumam ser desprezadas as marcas de oralidade); procura reproduzir o ritmo da conversa;
- emprega verbos predominantemente no presente do indicativo.(Adaptado de: CEREJA, William Roberto e MAGALHÃES, Thereza Cochar. Texto e interação: uma proposta de produção textual a partir de gêneros e projetos. São Paulo: Atual, 2000.)
A linguagem jornalística
- construa períodos curtos, com no máximo duas ou três linhas, evitando frases intercaladas ou ordem inversa desnecessária;
- adote como norma a ordem direta, elaborando frases com a seguinte estrutura: sujeito, verbo e complementos;
- empregue vocabulário usual, sem termos técnicos ou difíceis; termos coloquiais e gírias também devem ser usados somente em casos especiais;
- evite os superlativos e adjetivos desnecessários;
- empregue verbos de ação e prefira a voz ativa, que dinamizam mais a frase e estimulam o leitor.(Adaptado de: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo de O Estado de S. Paulo. São Paulo: Moderna, 1997.)
Produção da ENTREVISTA FICCIONAL
Considere o conteúdo em estudo nos diversos componentes curriculares da sua série (Matemática, Língua Portuguesa, História, Física, Biologia, Química, Geografia, Filosofia, etc.) e defina um personagem do passado (pensador, cientista, artista...) para ser entrevistado.
Faça, se necessário com a colaboração do professor da matéria, uma pesquisa a respeito da vida e obra do personagem e defina um local e uma data significativos para a conversa.
Antes de iniciar a entrevista, com cerca de dez perguntas e respostas, produza um texto introdutório, de aproximadamente 10 linhas, apresentando seu entrevistado. Suas perguntas devem revelar compreensão das questões pesquisadas e da relevância do trabalho do personagem. Suas respostas inventadas devem ser coerentes e didáticas, com exemplos esclarecedores sobre os tópicos abordados. Mas suas respostas são também um importante exercício de caracterização, que devem revelar, sutilmente, uma personalidade do entrevistado.
Seu texto deve se dirigir a um interlocutor contemporâneo, como se fosse natural conversar com seres humanos de outros tempos.