Decisão

Essa sensação, estranho como me sinto culpada por não senti-la com Sam, como se subitamente soubesse que o certo seria senti-la com quem eu estivesse. Como se soubesse que, consequentemente, eu deveria estar com o homem de olhos verdes e cabelos castanhos que agora toma significado para mim. Se desperta um animal do qual nunca antes eu tomara consciência, e desperta com fervor, rasgando meu peito, determinado a pegar sua presa. Determinada, vou até o balcão, sento-me ao lado dele, peço e viro uma dose de vodka. Tudo isso ocorreu no que parece uma fração de segundos, sem muito tempo para raciocínios lógicos. Viro mais uma, e mais outra. As duas esmeraldas observam-me atentas, fixas. Percorrem meu corpo então de cima a baixo: passam pelos cabelos castanho-escuros e ondulados, uma mecha caída sobre um dos olhos pretos maquiados com pigmentos da mesma cor; descem então para meus seios, encobertos pela blusa de renda, também preta, e pelo sutiã com alcinhas vermelhas; demoram-se nas minhas pernas, uma delas caída, a outra apoiada na barra do banco, a saia jeans esfiapada que vai até a metade das coxas. Rapidamente, seus olhos sobem para a minha boca, que vai num salto de encontro aos lábios finos que sorriem abobados para mim, num gesto quase animalesco, obedecendo aos instintos da fera que rosna em meu peito.

Segundos depois, sinto uma mão muito forte em meu ombro, separando-me da presa, e no que consigo entender Samuel puxa o homem que me beijava há pouco e o soca duas vezes seguidas no rosto. Este coloca Samuel no chão, com um chute na região genitália, e soca-lhe em seguida a boca. Sentindo um estranho orgulho e alívio, vou de encontro a ele, que me conforta com seus braços grandes e saímos do bar, não mais os mesmos.

Começo
Conjunto Nacional