IV Congresso do Colégio Santa Cruz jan/17

Plenária: Síntese


Onde se aprende mais é sorrindo (W. Benjamin)
Perspectivas

O Congresso é um momento de provocação, mas também de inspiração. Em todos os grupos, expressa-se a receptividade à mudança. Levaremos os ecos desses dias para os planejamentos, em um processo contínuo. As ideias sintetizadas por todos os grupos precisam ser aplicadas no cotidiano da sala de aula. Não adianta discutir se não se chega à prática. Congresso é uma grande inspiração para se pensar em transformações. Como sair do campo da crítica para as proposições? Ouvimos muitas propostas e provocações e queremos tirar de cada uma algo prático, que possa levantar perspectivas. Em cada um dos temas do Seminário, verificam-se caminhos.

Tempo e escolha

É preciso discutir a dificuldade de escolha de conteúdos e programação. Há uma aprendizagem do “cortar”, e esse exercício é prioritário. Nas escolhas curriculares, o “coletivo” tem papel fundamental, é ele que confere a força da alteração ou da permanência. A autoria, no currículo, é muito mais coletiva do que individual.

O que inserir ou tirar? Sempre se trata de correr contra o tempo. Sempre pensamos em coisas novas, sem conseguir tirar algumas antigas. A pressa é inimiga do trabalho do professor. Quando entramos em ritmo acelerado, ficamos todos operacionais. Somos uma máquina de produzir coisas.

Tempo e pesquisa

Na imagem da rede, há malhas e buracos. Essa pode ser uma metáfora da atitude pesquisadora para nossa prática. Os vãos são as brechas de tempo nas reuniões de coordenação, de tempo de planejamento e de tempos para a sala de aula. As reuniões pedagógicas poderiam levar a mais profundidade, caso houvesse uma gestão mais criativa do tempo.

Diálogo e reconhecimento

Tecnologias constituem um espaço privilegiado para conhecer os trabalhos de cada professor. Mesmo com a interação que se verifica no Colégio nos últimos anos, os professores ainda não se conhecem, do ponto de vista da atuação pedagógica. Os professores do F1, por exemplo, anseiam por compartilhar a verticalidade e aprofundar o diálogo.

Há necessidade de afirmar o discurso hetereológico, tirar os véus das pessoas que se sentem com pudores para falar o que pensam.

Currículo

Estudar, segundo Paulo Freire, não é um ato de consumo de ideias, mas de reinvenção das ideias relativas a currículo, avaliação e espaço de experiências. É importante valorizar a verticalidade, que é uma voz coletiva visando intervir no currículo. A inclusão de temas transversais, como gênero e discriminação, nos conteúdos tradicionais das disciplinas e do ciclo, faz com que o currículo entrelace a experiência e a avaliação. O currículo é partitura que se completa com a execução e a escuta. A forma e a interpretação cabem ao regente. Existe alguém que executa algo que está pronto, sem deixar espaço para o leigo. O professor precisa se apropriar dos conteúdos para se sentir com mais coragem para se colocar.Há receio pela hierarquia, pela adequação etc.

Avaliação

Nosso sistema de avaliação, em toda escola, ainda é centrado em provas, que são cruciais e acompanham nosso alunos desde o segundo ciclo do Fundamental 1. Essa forma de avaliação foi representada, em desenho de um aluno do 5º ano, como “necrotérios”, que antecedem os “cemitérios” do Ensino Médio. O grupo de Poiesis elege a segunda chance como forma de apropriação do erro, obstáculo provisório e necessário ao acerto. No currículo oculto, percebido pela avaliação, aparece a escola de que não gostamos: classificatória e que rotula os alunos. Nesse sentido, a avaliação é um elemento particularmente importante para se intervir no currículo. Se quisermos ter em perspectiva mexer mais profundamente no currículo, precisamos mexer na avaliação. Quanto tempo se perde corrigindo as provas? Paralelamente, temos consciência de que a avaliação pode ser eficaz, bem como importante elemento de reflexão.É um momento oportuno para valorizar a qualidade, em detrimento da quantidade, e cuidar para evitar excessos em todos os sentidos.

Alunos e pais

É preciso também ouvir os alunos sobre os temas que os professores discutiram. O que eles acham da semana de provas? O que eles acham da certificação? Para alguns professores, a avaliação não deve ser vista do ponto de vista do julgamento moral, e sim da eficácia como instrumento de aprendizagem. Os professores também se preocupam com o fato de que os alunos ficam estressados com a quantidade de coisas que têm para fazer. É necessário cuidar do aspecto competitivo entre os alunos. Poderíamos ouvi-los um pouco mais, para saber sobre como o “ser avaliado” repercute para eles.

Sobre os temas da atualidade, a escola poderia propor palestras abertas à comunidade do Colégio.

O Congresso e a Escola como congraçamento

O Colégio é um coletivo. O Congresso é um espaço de expressão dos professores que exemplifica a unidade da escola. A apresentação dos cursos pelos diretores no primeiro dia revelou o alinhamento. Neste Congresso, todos escutaram, todos falaram. Nos grupos diversos, os professores expuseram suas diferenças com confiança, à vontade até mesmo para assumir os próprios erros. Estamos prontos para a construção de um coletivo pedagógico na sala de aula. Os cinco temas são interligados e enriquecem-se mutuamente. O Congresso trocou a quantidade pela qualidade, e isso sugere como trabalhar em sala de aula. Esse evento nos motiva a repartir com os alunos a responsabilidade por aprender, por avaliar. Há motivação para ir além, para contagiar os alunos. Afinal, diversão faz parte do processo de ensino-aprendizagem.

Reconhecemos o movimento da escola nos últimos anos. O formato do Congresso foi feliz, desenhado a partir da escuta das avaliações que os professores fizeram no ano passado. A construção da escolha dos temas foi trabalho de equipe e processual.