Avaliação

“Torna-te o que és”. Píndaro
“Ante os portais da excelência, os altos deuses puseram o suor”.Hesíodo
Introdução
Avaliação e currículo estão intrinsecamente ligados. Como a função da escola é promover o desenvolvimento global de seus alunos, fomentando o desejo de conhecer, aprender e superar dificuldades, a avaliação é elemento crucial de mediação e validação desse processo. A forma como ela é realizada está longe de ser neutra. A avaliação impacta profundamente os alunos, professores e a própria instituição escolar, pois, ao mesmo tempo, produz e revela concepções, valores, atitudes e senso de identidade no contexto em que é aplicada.
No entanto, muitas vezes, o processo avaliativo perde grande parte de seu potencial educativo, resumindo-se à sua faceta certificadora. Além disso, incomodam-nos alguns efeitos indesejados que certas práticas avaliativas causam: a conotação negativa dos erros, a confusão entre resultado e representação de si, a busca do aluno pela aprovação antes mesmo de valorizar a própria aprendizagem e, ainda, a crença de que há pouco a ser feito diante do potencial que cada um tem para as diferentes áreas de aprendizagem.
A avaliação formativa, concebida como prática investigativa a serviço da aprendizagem, por permitir que o aluno se conscientize de suas dificuldades e busque caminhos para superá-las, apresenta-se, hoje, como um valor entre o grupo de professores. No entanto, os desafios em praticá-la permanecem e algumas questões se enunciam. O que a prática cotidiana do professor ilumina do processo de aprendizagem do aluno? Como evidenciar e colocar em prática os princípios de uma avaliação formativa? Como propiciar um percurso avaliativo em que o aluno se sinta mais seguro para ousar, errar e recriar durante a sua trajetória escolar? É possível conciliar o caráter normativo da avaliação com a intenção de que se torne, efetivamente, formativa? Poderíamos pensar na avaliação como alavanca para o autoconhecimento? Como potencializar a autorregulação do ensino e da aprendizagem nos vários ciclos escolares? Como fortalecer o caráter investigativo dessa prática e garantir a coerência entre os nossos objetivos educacionais mais amplos e o que avaliamos de fato? E, por fim, se avaliação faz parte do currículo, como olhar para os processos avaliativos de forma a repensar o próprio currículo escolar?
Proposta de trabalho do Congresso
A partir dessas questões, no IV Congresso do Colégio Santa Cruz, buscamos favorecer que os participantes refletissem acerca das dificuldades inerentes aos processos avaliativos em nossa realidade cotidiana, bem como promover trocas de experiências que evidenciassem práticas que nos provoquem e inspirem, por demonstrarem êxito em fomentar uma postura mais ativa, consciente e autorreflexiva do aluno em relação à sua aprendizagem.
Assim, formamos três grupos e cada um deles se dedicou, inicialmente, a discutir diferentes aspectos da temática e elaborar uma pequena síntese do conteúdo em questão. Os grupos se rodiziaram de tal forma que cada um deles entrou em contato com duas das três temáticas propostas. Ao receber uma nova proposta de discussão, os professores tiveram acesso também à síntese elaborada pelo grupo anterior.
Um aspecto interessante da metodologia utilizada foi que cada grupo foi acompanhado por um dos integrantes da comissão organizadora. Houve também o cuidado de que cada tema fosse apresentado pela mesma pessoa (outro membro de nossa comissão). Dessa forma, a equipe organizadora obteve duas perspectivas distintas: a de um professor que acompanhou as discussões de vários grupos de uma mesma temática e a de outro que acompanhou o percurso de cada grupo ao longo de todas as discussões daquela manhã. Apresentamos, abaixo, o esquema utilizado.
Subgrupo A foi acompanhado pelo Liegel e discutiu os subtemas na seguinte ordem: 1 (sala 13), 2 (sala 14).
Subgrupo B foi acompanhado pela Milou e discutiu os subtemas na seguinte ordem: 2 (sala 14), 3 (sala 16).
Subgrupo C foi acompanhado pela Joana e discutiu os subtemas na seguinte ordem: 3 (sala 16), 1 (sala 13).
As discussões do subtema 1, na sala 13, foram acompanhadas pela Andrea, do subtema 2, na sala 14, pela Virgínia e os do subtema 3, na sala 16, pela Mitiko.
Finalizamos os trabalhos, então, com um encontro de todos os integrantes em que os grupos expuseram suas reflexões sobre os subtemas e a equipe organizadora realizou, a partir de todo material coletado, uma apresentação dos principais pontos levantados.
É importante ressaltar que, dada a amplitude e a complexidade do tema, foi necessário que realizássemos a escolha, durante a elaboração do material que serviria de estímulo para as conversas durante o Congresso, de três aspectos que gostaríamos de iluminar desse assunto e que poderiam ser frutíferos para professores dos quatro ciclos escolares. Além disso, procuramos diversificar os estímulos oferecidos, como apresentar uma situação mais cotidiana (tema 1 e a caricatura da atuação do professor), uma abordagem teórica (tema 2 e a análise do erro a partir da visão de pesquisadores da área) e um excerto de um relato de experiência publicado (tema 3, o uso da rubrica e da ata para favorecer o processo de autoavaliação e metacognição).A seguir, compartilhamos o material que propusemos aos professores.