IV Congresso do Colégio Santa Cruz jan/17

Considerações dos professores


Equilíbrio

O professor é agente e paciente do tempo contraído (compactado). Cabe a ele buscar preservar um tempo de subjetividade; mas, como escapar das contingências escolares que privilegiam as vivências? Os estímulos em excesso são recursos dos professores para a falta de motivação, mas eles geram resposta contraditória à experiência. Para inserir brechas no tempo escolar que abram espaço para um tempo distendido, subjetivo e experencial, é preciso mais que intenção. O professor precisa ter coragem de perder conteúdos programáticos e de abrir mão do controle para que os encontros se revelem. Numa escola de muitos alunos, o fazer artesanal que se deseja instala uma disparidade em nível de escala.

Diálogo

Como fazer crescer o número de alunos que se sentem tocados pelo projeto escolar? Nós sabemos quais os alunos que nos escapam? Nós nos incomodamos com eles? Procuramos romper a distância, resistir ao afastamento para conseguir provocar o encontro? As experiências dos alunos talvez sejam também nossas. Nosso testemunho delas nos desloca de um eixo a outro, e as experiências que narramos dos outros são compartilháveis e transferíveis.

Professor

Professores são múltiplos atores de variadas máscaras, dependendo do público-classe de estudantes. A sala de aula é um cenário de surpresas que exige improvisação, para além do texto ensaiado. Professores são permanentemente narradores que buscam fragmentos de realidade e vivência que podem se tornar experiências ressignificadas. Por vezes, não controlam nem percebem quando e como as experiências se constroem. O uso que os alunos fazem do que a escola oferece escapa no cotidiano das aulas ou até mesmo se traduz como negação, quando a experiência possível é tratada como meio de enriquecimento de portifólio pessoal.

O imponderável

Não raro os professores são inquiridos sobre a serventia da experiência escolar: “Para que serve isso?”. Na contramão dessa urgência, alguns alunos voltam, anos depois, em busca de referências para dar continuidade àquela aula que o tempo se encarregou de significar.

Todas as narrativas dos professores revelam personagens incomuns em meio ao grupo cotidiano. O habitat das experiências parece não ser apenas a sala de aula. A língua da experiência é a do encontro humano, ou seja, agrega todos os sentidos e linguagens: a fala, a escuta, o olhar, a aceitação do desafio, a vivência do risco, a coragem de ser desconcertado. Isso é o que permanece, é memorável, é conhecimento.