IV Congresso do Colégio Santa Cruz jan/17

Novas questões e possíveis ações


Nesse clima, com a política institucional abalada e com a preocupante polarização política, aparecem novas questões, antes consideradas “exteriores” ao universo dos primeiros anos de escolaridade.

Questões de política que antes se consideravam “coisas do Ensino Médio”, ou que “só aconteciam com os maiores”, dão entrada entre os “menores”. Os acontecimentos nacionais, em seus aspectos, e as pautas postas no cenário social e político repercutiram também na Educação Infantil e no Ensino Fundamental 1, pelo filtro dos valores e orientações das famílias.

E os professores têm que lidar com essas situações. As experiências relatadas indicam que os professores às vezes se “assustaram” com a nova situação. Nem sempre, na avaliação de alguns dos presentes, conseguiram dar respostas ao desafio da emergência em salas de aula de perguntas, de expressões de intolerância política explícita.

Coloca-se o desafio de trabalhar as questões políticas, numa perspectiva de diálogo, cuidado e respeito, com crianças e adolescentes de várias idades, já que nosso projeto educacional pressupõe a adequação de linguagem e conteúdo às diferentes faixas etárias.

O clima de hostilidade à ação do professor não nos autoriza a condescender com práticas eticamente equivocadas, se e quando ocorrerem. Lançar mão de estereótipos de gênero, incentivar intencionalmente ou não expressões de discriminação baseada em orientação sexual, em cor ou em classe social, para citar alguns comportamentos, não são aceitáveis, assim como usar a autoridade de adulto mais instruído como atalho para concluir uma discussão polêmica.

O professor precisa lembrar-se sempre de que ele é um trabalhador, envolvido numa missão complexa de formar as novas gerações. Sua atuação deve ser pautada pelo respeito às diferenças nas práticas em sala de aula. Ideologia é diferente de posicionamento político. O professor responde com perguntas e com esclarecimentos.

Mas isso não significa abrir mão de princípios de leituras da realidade da sociedade, da história e das ciências.

Algumas indicações explícitas de ações para um horizonte de atuação:

  • defender o papel crítico do professor e da escola;
  • estabelecer limites claros ao que é objeto da escola e de seu papel;
  • atualizar a posição da Escola sobre temas polêmicos para pais e para a comunidade;
  • manter sempre a preocupação de não “sair da linha”, no sentido de valer-se de seu papel de adulto instruído para desqualificar alunos ou outros membros da comunidade escolar.
  • apresentar, sempre que possível e pertinente, posicionamentos diversos de estudiosos e críticos.

O interesse despertado e o conteúdo da discussão no grupo indicam que foi oportuna a inclusão desse tema na pauta do 4º Congresso. A incompletude da discussão e a sua importância apontam a vontade de continuar a trabalhar esse tema como parte da formação do professor e do projeto escolar do Colégio Santa Cruz.